A ansiedade é considerada um distúrbio quando ela ocorre em
momentos que não se justificam ou quando é tão intensa ou duradoura que acaba
interferindo com as atividades normais do indivíduo. Os distúrbios de ansiedade
são o tipo mais comum de distúrbios psiquiátricos.
A ansiedade é um sinal de alerta, que permite ao indivíduo
ficar atento a um perigo iminente e tomar as medidas necessárias para lidar com
a ameaça. Portanto é um sentimento útil. Sem ela estaríamos vulneráveis aos
perigos e ao desconhecido. É algo que está presente no desenvolvimento normal do
ser humano, nas mudanças e nas experiências novas e inéditas. A ansiedade
permite a um ator que estreará uma nova peça, ensaiar o suficiente para ter
maior segurança e, conseqüentemente, menor ansiedade; ou então que um jovem se
prepare demoradamente e até com vários detalhes irrelevantes para um encontro
amoroso. Após algum tempo, a preparação para o encontro com uma antiga namorada
se torna quase desnecessária, já que não há mais ansiedade.
A ansiedade normal é uma sensação difusa, desagradável, de
apreensão, acompanhada por várias sensações físicas: mal estar epigástrico,
aperto no tórax, palpitações, sudorese excessiva, cefaléia, súbita necessidade
de evacuar, inquietação etc. Os padrões individuais físicos de ansiedade variam
amplamente. Alguns indivíduos apresentam apenas sintomas cardiovasculares,
outros apenas sintomas gastrintestinais, há aqueles que apresentam apenas
sudorese excessiva. A sensação de ansiedade pode ser dividida em dois
componentes:
- a consciência de sensações físicas, e
- a consciência de estar nervoso ou amedrontado.
Quando a ansiedade é anormal?
A ansiedade anormal ou patológica é uma resposta inadequada a
determinado estímulo, em virtude de sua intensidade ou duração. Diferentemente
da ansiedade normal, a patológica paralisa o indivíduo, traz prejuízo ao seu bem
estar e ao seu desempenho e não permite que ele se prepare e enfrente as
situações ameaçadoras.
A diferença entre medo e ansiedade é questão teórica. Como
citado anteriormente, a ansiedade é uma sensação vaga e difusa que nos leva a
enfrentar com sucesso as situações agradáveis ou não. Já o medo, que também é
uma reação normal, difere da ansiedade porque é ligado a uma situação ou objeto
específico que apresenta perigo, real ou imaginário, e nos leva a evitá-lo. Um
exemplo é o medo de assalto. Todos evitamos as situações que possam nos deixar
mais vulneráveis.
A fobia envolve uma ansiedade persistente, intensa e
irrealística, em resposta a uma situação específica, como por exemplo altura. A
pessoa fóbica evita a situação que desencadeie a sua ansiedade ou suporta-a com
grande sofrimento. Entretanto, ela reconhece que sua ansiedade é excessiva e
consciente que tem um problema. Uma fobia é caracterizada por:
- Medo excessivo, imensurável de um objeto ou situação;
- Comportamento de esquiva em relação ao objeto temido;
- Grande ansiedade antecipatória quando próximo do objeto em questão; e
- Ausência de sintomas ansiosos quando longe da situação fóbica.
Existem diversas teorias para o aparecimento de uma fobia como
a psicanalítica, a comportamental, a existencial e a biológica.
Segundo as teorias psicanalíticas, a fobia é um sinal para o
ego de que um instinto inaceitável está exigindo representação e descargas
conscientes (sintomas de ansiedade ou fobias). A ansiedade desperta o ego para
que tome medidas defensivas contra as pressões interiores. Se a repressão não
for bem sucedida, outros mecanismos psicológicos de defesa podem resultar em formação de
sintomas.
Segundo as teorias comportamentais, a fobia é uma resposta
condicionada a estímulos ambientais específicos. Uma pessoa pode aprender a ter
uma resposta interna de ansiedade após uma experiência negativa ou imitando
respostas ansiosas de seu meio social. A teoria cognitiva da fobia sugere que
padrões de pensamentos incorretos, distorcidos, incapacitantes ou
contra-producentes acompanham ou precedem os comportamentos desadaptados. Os
pacientes que sofrem de fobia tendem a superestimar o grau e a probabilidade de
perigo em uma determinada situação e a subestimar suas capacidades para lidar
com ameaças percebidas ao seu bem-estar físico ou psicológico.
De acordo com as teorias existenciais, as pessoas ficam fóbicas
ao se tornarem conscientes de um profundo vazio em suas vidas. A ansiedade é a
resposta a este imenso vazio de existência e significado.
Pelas teorias biológicas, a fobia é definida como uma função
mental e essas teorias criam hipóteses para sua representação cerebral. Essas teorias são baseadas em
medições objetivas que comparam a função cerebral de pessoas normais com
indivíduos com fobias, principalmente através do uso de medicamentos
ansiolíticos (tranqüilizantes). É possível que certas pessoas sejam mais
suscetíveis ao desenvolvimento de um transtorno de ansiedade, com base em uma
sensibilidade biológica. Os três principais neurotransmissores associados às
fobias são a noradrenalida, o ácido gama-aminobutírico (GABA) e a serotonina.
Os principais distúrbios de ansiedade são: ansiedade
generalizada, ansiedade induzida por drogas ou problemas médicos, ataque de
pânico, distúrbio do pânico, distúrbios fóbicos (agorafobia, fobia social, fobia
generalizada etc.), transtorno obsessivo-compulsivo.
O distúrbio de ansiedade generalizada é a ansiedade e
preocupação excessiva, quase que diária, sobre uma série de atividades ou eventos, e que
dura 6 meses ou mais. A ansiedade e a preocupação são intensas e de difícil
controle, desproporcionais à situação e podem ser sobre as mais diversas
questões como dinheiro, saúde etc. Nesse distúrbio, pelo menos três dos
seguintes sintomas estão presentes: inquietação, fatiga, dificuldade de
concentração, irritabilidade, tensão muscular e sono de má qualidade. O
tratamento é realizado com a a associação de medicamentos (antidepressivos ou
benzodiazepínicos) e psicoterapia comportamental.
Neste distúrbio, a ansiedade é decorrente de problemas médicos
ou uso de drogas lícitas ou ilícitas. As doenças que podem causar ansiedade são:
infecções cerebrais, doenças do labirinto, distúrbios cardiovasculares
(insuficiência cardíaca, arritmias), distúrbios endócrinos (hiper-atividade das
glândulas tireóide ou supra-renal) e distúrbios respiratórios (asma, doença
obstrutiva crônica do pulmão). Entre as drogas que podem causar ansiedade
têm-se: álcool, cafeína, cocaína e diversas drogas medicamentosas. A ansiedade
também pode ser causada quando se para de tomar determinados medicamentos ou
drogas ilícitas.
Os principias disturbios fóbicos são agorafogia, transtorno do
estresse pós traumático, fobia social, fobias específicas.
O termo "agorafobia" significa medo de lugares abertos. Na
prática clínica designa medo de sair de casa ou de situações onde o socorro
imediato não é possível. O termo, portanto, refere-se a um grupamento
inter-relacionado e freqüentemente sobreposto de fobias que abrangem o medo de
sair de casa, medo de entrar em lugares fechados (aviões, elevadores, cinemas
etc.) multidões, lugares públicos, permanecer em uma fila, viajar de ônibus,
trem ou automóvel, de se distanciar de casa e de estar só em uma destas
situações. A agorafobia é uma complicação freqüente no transtorno de pânico,
onde todas as situações temidas têm em comum o medo de passar mal e não ter
socorro fácil ou imediato.
A fobia social é o medo patológico de comer, beber, tremer,
enrubescer, falar, escrever, enfim, de agir de forma ridícula na presença de
outras pessoas. Uma característica importante da fobia social é a ansiedade
antecipatória e o sofrimento durante a exposição.
São fobias restritas a situações altamente específicas, como
determinados animais, altura, trovão, escuro, espaços fechados, visão de sangue
ou medo de exposição a doenças específicas. Apesar de a situação temida ser
limitada, a iminência ou o contato com ela pode provocar um ataque de ansiedade
aguda. Fobias específcias surgem na infância e podem persistir por toda a vida
se permanecerem sem tratamento, como ocorre na maioria dos casos. O tratamento
indicado é a terapia comportamental, com uso de técnicas como a
dessensibilização ou "flooding", associadas a técnicas de relaxamento. Em alguns
casos, o uso de benzodiazepínicos, por período limitado, pode ser útil.
É um distúrbio de ansiedade que se desenvolve em pessoas que
experimentaram estresse físico ou emocional de magnitude suficientemente
traumática para um ser humano comum.
As principais características deste distúrbio são:
- a re-experiência do trauma através de sonhos e pensamentos em vigília ("flash back");
- torpor emocional para outras experiências relacionadas; e
- sintomas físicos de ansiedade, depressão e dificuldades cognitivas.
A ansiedade e depressão estão comumente associadas e a ideação
suicida pode ocorrer. Como exemplo, há as experiências de guerra, catástrofes
naturais, estupro, acidentes sérios etc. Fatores predisponentes, como traços de
personalidade ou presença de outros transtornos mentais, podem facilitar o
aparecimento do transtorno ou agravar o seu curso, mas não são necessários nem
suficientes para explicar a sua ocorrência. O início do quadro segue o trauma
com um período de latência que pode variar de poucas semanas a meses, raramente
excedendo a 6 meses. O curso é flutuante e a recuperação ocorre na maioria dos
casos. O tratamento com psicoterapia de orientação psicanalítica, terapia
cognitiva e a associação a psicofármacos, ansiolíticos ou antidepressivos,
conforme a síndrome predominante, parecem trazer bons resultados.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou simplesmente TOC, é uma
doença crônica caracterizada pela presença involuntária e intrusiva de obsessões
e/ou compulsões. Obsessões são pensamentos, sentimentos, idéias, impulsos ou
representações mentais vividos como intrusos e sem significado particular para o
indivíduo. As obsessões mais comuns são as de limpeza e contaminação (por
sujeira e doenças), verificação, escrupulosidade (moralidade), religiosas e
sexuais.
Bibliografia - Temas Relacionados:
Fobia Social, por Dr. Antonio Egidio Nardi
Transtorno do Pânico, por Dr. Antonio Egidio Nardi
Transtorno Obsessivo-Compulsivo, por Dr. Eurípedes Miguel
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