"A mãe superprotetora é
aquela que poupa o filho de todo tipo de atividade que caberia a ele. Ela faz
tudo em seu lugar: recolhe seus brinquedos, faz sua lição de casa... É aquela
que não consegue enxergar que a criança cresce e lhe nega independência. É
aquela que, provavelmente, vai concorrer com a futura nora, e acabará
atrapalhando o casamento do filho", diz o especialista, ressaltando que
não é apenas durante a infância dos filhos que muitas mães agem com excesso de
proteção. "Até nas receitas médicas ela interfere. Recusa-se a seguir as
orientações do médico por julgar que o remédio pode fazer mal ao filho".
Mesmo na escola, um local
onde a maioria das crianças têm de assumir por si próprias suas responsabilidades,
a mãe superprotetora não permite que a professora seja firme com seu filho. Sua
interferência na rotina escolar, inclusive, é uma realidade que irrita os
educadores. "Essas são o tipo de mãe que financiam a deseducação. Fazem os
filhos gastarem energia para chorar e não para crescer. Querem adaptar o mundo
para que o filho fique inalterado. O professor é errado, a escola é errada, o
governo é errado, o mundo não é bom o suficiente para ele", diz Dr. Tiba. Os
efeitos colaterais, ressalta o psiquiatra, são duros e podem ser percebidos
quando o filho passa a se mostrar inseguro, ansioso, a não ter mais amigos, não
render na escola. "A mãe superprotetora acaba reagindo de modo a não
permitir que o filho lide com suas frustrações. Age para mostrar ao mundo que
seu "bebê" é o máximo, enquanto, na verdade, a autoestima dele
continua baixíssima. Se faz uma festa de arromba, é para exibir o filho. E
este, em vez de amigos, começa a ganhar puxa-sacos".
O correto, alerta Dr. Tiba,
é a mãe utilizar o bom senso. "Quando contrariada, em vez de agir
imediatamente, ela deve procurar uma saída para que o próprio filho tenha de
reagir. "Em atos simples como guardar brinquedos, por exemplo. Ela não
deve tomar para si uma função que é dele, como se ela já não tivesse tarefas
suficientes para cumprir como mãe, esposa e profissional".
Outro exemplo: quando um
menino corre e bate a cabeça no móvel, abrindo um berreiro daqueles. "Em
vez de pegá-lo no colo e dar uns tapinhas na mesa dizendo ‘feia... ah, ah, ah’,
como se o móvel fosse o culpado, a mãe poderia dizer ‘a mesa estava parada
filho, tome cuidado ao passar por aqui’.
Esta é uma forma, inclusive,
de dosar a sensação de poder que acomete as crianças. "Superproteger é
afirmar que os outros são sempre errados, menos o filho. Em futuros conflitos
familiares, ele não pensará que os pais é que são ruins? Normalmente, quando o
filho resolve ofender sua mãe verbalmente, é porque já pratica ofensas contra
ela há muito tempo, mas de formas diversas".
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