A auto-estima é o julgamento, a apreciação que cada um faz de si mesmo, sua capacidade de gostar de si. O caminho mais viável para uma auto-avaliação positiva é o autoconhecimento. Conhecer seu próprio eu é fundamental, pois implica ter ciência de seus aspectos positivos e negativos, e valorizar as virtudes encontradas. Este diálogo interior requer um voltar-se para si mesmo. Esse reconhecimento subjetivo torna o indivíduo mais apto a enfrentar os obstáculos e desafios do cotidiano, uma vez que agora ele conhece seu potencial de resistência e a intensidade de sua coragem e determinação. Assim ele pode evitar as armadilhas que caracterizam a baixa auto-estima, tais como a insegurança, a inadaptação, o perfeccionismo, as dúvidas, as incertezas, a falta de confiança na sua capacidade, o medo de errar, a busca incessante de reconhecimento e de aprovação, entre outros. Fortalecido, o sujeito pode resistir aos fatores que provocam a queda na auto-estima – crítica e autocrítica, culpa, abandono, rejeição, carência, frustração, vergonha, inveja, timidez, insegurança, medo, raiva, e tantos outros.
A auto-estima se forma ao longo da infância, com base na educação e no tratamento recebido dos familiares, amigos e professores. É muito importante o ambiente, o contexto em que a criança cresce, pois este meio pode edificar ou destruir a confiança da criança em si mesmo.
A Eterna Criança - Auto-estima e Individuação
"Em todo adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa". (Jung, 1981).
Parece difícil falar sobre auto-estima sem correr o risco de parecer superficial. Contudo, ao refletir sobre o assunto de uma maneira mais profunda, deparei-me com o sentimento de valor ou dignidade que uma pessoa atribui a si mesmo, e o quanto esta questão é pertinente ao sofrimento que muitos pacientes trazem à clínica psicológica como tema a ser discutido.
Na prática clínica tenho acompanhado pessoas que apresentam dificuldades para confiar em si mesmas, e estabelecer relacionamentos íntimos satisfatórios. Sentem-se paralisadas pela vergonha, pela ansiedade e pela culpa.
A falta de amor vivida na primeira infância implica em graves transtornos na vida futura. A negligência no cuidado e no amor materno faz com que a pessoa não se sinta segura para gostar de si própria, não acreditando consequentemente no amor do outro. As pessoas que sofreram esta falta relatam dificuldades em encontrar prazer em viver. O sentimento de vazio que a falta de amor ocasiona leva a uma busca compulsiva de satisfação externa. Relatos de sentimentos de inadequação, auto-depreciação, paralisia e impotência fazem parte do cenário psíquico da baixa auto estima.
Ao refletir sobre a formação da auto-estima, é necessário percorrer o processo de desenvolvimento humano, tendo em vista como se formam a nossa identidade e nossa auto-imagem.
Jung em "O Desenvolvimento da Personalidade" (1981), aborda o desenvolvimento da consciência durante a infância. Ele nos afirma que ao nascer não há consciência, mas apenas fragmentos de consciência amalgamada com a psique materna. É somente entre os três e os cinco anos de vida que a criança evolui e toma consciência do próprio "eu" e pode-se dizer que, a partir de então, surge à psique individual.
Para Jung e outros autores, relacionamentos saudáveis com os pais e com o ambiente nestes primeiros anos, são fundamentais para a manifestação de uma personalidade com características de autoconfiança e capacidade de realização do seu potencial.
Erich Neumann em seu livro "A Criança" (1991), explora o relacionamento entre a mãe e o bebê nos primeiros anos de vida e o quanto experiências satisfatórias nesta primeira etapa da formação da personalidade são fundamentais para o desenvolvimento saudável do ego e da relação deste com o Si-Mesmo.
A partir desta separação ou diferenciação, as primeiras noções da auto-imagem são construídas, os valores que pautam a convivência com o mundo se estabelecem e o indivíduo vai aos poucos traçando para si quais características de sua personalidade são aceitas, como seus pais e o ambiente esperam que ele se comporte.
Uma relação primal adequada que protege, alimenta, aquece e contém a criança é estrutural para o desenvolvimento saudável da consciência, logo da auto-estima.
Experiências negativas nesta primeira fase comprometem a confiança da criança em si mesma e no mundo, esta relação primária negativa pode gerar problemas afetivos, insegurança, problemas da auto-estima entre outros.
Este sentimento de valor ou não que o indivíduo traz de sua infância interfere em seu destino e nas escolhas que fará. Até que mais tarde, esta pessoa possa rever as circunstâncias originais de sua vida e elaborá-las.
Durante o processo de psicoterapia, os relacionamentos primários são ativados na relação transferencial entre psicólogo e paciente.
A relação transferencial tem um caráter essencial para a terapia, o paciente tem uma tendência a projetar no psicoterapeuta a figura materna ou paterna e de buscar, através da psique do psicólogo, a função de auto-regulação. O analista é uma parte fundamental e indispensável no processo.
A compreensão empática do psicoterapeuta, aos poucos, permitirá que o medo de se expor será sendo minimizado e as feridas e aspectos sombrios possam ser cuidados. O acolhimento do psicólogo em relação a estes conteúdos permitirá que os padrões de interação vindos da infância sejam dissolvidos e novos padrões possam se estabelecer na vida adulta.
A partir da psicoterapia, o paciente pode rever seus conceitos sobre si mesmo, atualizar seus valores pessoais e estabelecer um novo padrão de interação com "o outro".
http://www.apsicologa.net.br/auto-estima.html
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