Algum tempo atrás, numa mesa redonda com adolescentes pedi que desenvolvessem o tema da nossa conversa.
Havia me preparado para temas complexos: Drogas, álcool, sexualidade precoce, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, etc.
O tema escolhido, para espanto de todos vocês, o tema que ganhou as eleições dos estados unidos adolescentes, fazendo uma paródia às próximas eleições americanas. Foi exatamente este: Minha mãe é chata.
O pior, eu já ouvi esta pérola lá em casa… ninguém merece… Que saia justa não?
Bem, respirei fundo e organizei a galera.
Falei: vamos pôr para fora os porquês:
A minha mãe é chata porque não me deixa levar amigos para dormir em casa durante a semana. Esta é fácil, eu pensei…
A minha mãe é chata porque quer controlar o que eu visto. Se quer vestir mulambo rasgado ou torrar todo seu dinheirinho em grifes, o problema é seu! Eu e qualquer outra mãe, só deve bancar o necessário!
A minha mãe é chata porque “meteu” uma senha na TV a cabo e eu não posso mais ver praticamente nada, daqui a pouco só vai dá pra ver Discovery kids!
A minha mãe é chata porque quer que eu coma mais peixe, menos carne, menos hamburguer, esses babados de coisas saudáveis.
Esta também é fácil, vou falar que as pesquisas indicam que carne têm hormônios, antibióticos e entope as artérias, leva semanas para digerir, hamburguer é carne processada e 70% de toda carne processada têm coliformes fecais, as pesquisas indicam, não estou falando bobagem.
E por ai continuava a ladainha, não acabava…
Fiz a galera aprender a negociar, desculpe-me pais, mas com jovens não tem jeito. Não adianta dizer NÃO e pronto, isso era coisa do nosso tempo… Hoje em dia se você falar NÃO, ele vai fazer errado escondido, pode se dar mal, na nossa época também, eu sei… Mas hoje somos pais e não filhos, como satisfazer dois reis e apenas um reinado?
Negociando, dialogando, não tem outro jeito.
Pedi em seguida numa dinâmica, que se colocassem no papel da mãe, detonaram nas caricaturas de tão estimada figura materna!
Depois voltassem para o seu papel.
Com certa dificuldade, entenderam melhor o drama das mães chatas. Tempos depois encontrei com um dos adolescentes daquela palestra e perguntei:
— E ai? A mãe ainda está muito chata?
— Às vezes, mas agora ela aprendeu a negociar melhor…
Ainda bem não é, pois ninguém é perfeito ufa!
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