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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Indo à escola pela primeira vez

Vou partir do pressuposto de que você tenha tido o cuidado de escolher criteriosamente a escola de seu filho, conhecendo o seu espaço físico, o pessoal que nela trabalha, a sua proposta pedagógica e de que já tenha levado sua criança para conhecer a escola e os adultos com quem ela terá contato e passará boa parte de seus dias. Pode ser que, a princípio, seu filho chore e se recuse a ir para a escola. Poderá acontecer também de você ficar com o coração apertadinho, cheia de culpa por impingir-lhe uma situação de desconforto e estresse emocional. Isso é normal e acontece com bastante freqüência, por isso você não deve se desesperar nem se julgar diferente da maioria das mães. Quem é que não fica ansioso, inseguro ou com medo diante de situações novas? O desconhecido sempre nos parece ameaçador, não é mesmo? Vamos tentar entender o que se passa dentro de nós e de nossos filhos para trabalharmos melhor essa fase inicial de escolaridade. Muitas crianças vão para a escola muito cedo, às vezes com poucos meses de vida, em função da necessidade materna de manter um trabalho rentável fora do lar.
Sabemos que, no início da vida, há um elo muito próximo e forte entre o bebê e sua mãe; é como uma continuidade da vida intra-uterina.Quando esse período é bem vivido, a criança tem a sua saúde emocional fortalecida, através da satisfação de suas necessidades físicas e emocionais adequadamente assistidas. Desta forma, ela guarda dentro de si uma imagem de uma mãe boa, amorosa, amiga e protetora, imagem esta que lhe servirá de conforto nas ausências maternas futuras. As primeiras referências de uma criança são as relações familiares e o seu mundo é a rotina da casa onde ela vive. Ir para a escola maternal significa um rompimento com esse mundo conhecido e isso pode ser fonte de insegurança e medo para a criança e até para seus pais. A intervenção amistosa e segura de uma professora bem preparada costuma atenuar o impacto desta separação, amenizando as expectativas negativas desta vivência, na medida em que ela vai conversando com os pais e com a criança, esclarecendo-lhes as dúvidas, mostrando-lhes os aspectos positivos e produtivos da nova experiência, transmitindo carinho e amizade à criança.
A intensidade com que cada um vai experimentar ou a forma como vai atravessar esse período vai depender dos aspectos particulares de cada personalidade participante do processo e, também, da dinâmica familiar. Um fato a ser admitido é que essa separação é algo inevitável na vida de cada um de nós e, ainda que seja um processo doloroso, costuma trazer crescimento para todos os envolvidos. É importante que os pais vejam a situação não como "um mal necessário", mas como algo bastante positivo e enriquecedor no desenvolvimento de seu filho. A escola maternal e a pré-escola têm pouca semelhança com o aprendizado formal dos anos seguintes, mas o que a criança pode aprender freqüentando-as será de grande valor para sua vida futura. Ali ela terá espaço para brincar e aprender brincando: a interagir com outras crianças e com adultos estranhos ao seu universo familiar, noções de cidadania, de educação musical e ambiental, a importância do cumprimento de prazos e horários e que há limites para a satisfação de suas vontades, a ouvir o próximo e a tratá-lo com urbanidade e respeito. É importante frisar que brincar na escola é totalmente diferente de brincar em casa, pois lá a professora intervém de forma intencional no brincar, de modo a desenvolver as capacidades infantis. É um brincar organizado, monitorado, com objetivos delineados e resultados medidos. Lembre-se: é absolutamente normal que as crianças pequenas, que estão indo para a escola pela primeira vez, sofram de "ansiedade de separação". Elas sentem medo de que os pais não voltem para buscá-las e fantasiam o abandono. É importante que os pais lhes demonstrem interesse pela experiência que elas estão vivendo, que as encoragem, reforçando-lhes a auto-estima, diminuindo-lhes a ansiedade, mostrando-lhe aspectos entusiasmantes da escola (conhecer novos amiguinhos, poder brincar com eles, etc) e tranqüilizando-os quanto ao amor que sentem por elas, quanto à proximidade que manterão com a escola e com sua professora e quanto a estarem lá, para buscá-los no horário de saída. Caso os pais notem que essa ansiedade se mostra na forma de pânico ou pavor é recomendável que procurem aconselhamento e ajuda com profissionais especializados e competentes.


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