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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Impor ou sugerir limites?



A criança desobediente aprende a tolerar restrições de maneira mais fácil quando as regras não são ordens, mas sim propostas.
O ambiente escolar é o local para a criança experimentar pela primeira vez como é viver em sociedade, sem ter os pais ou responsáveis como as figuras que atendem e resolvem as vontades e dificuldades. Ana Badih, coordenadora pedagógica, explica a importância do espaço socializador que é a escola e o que ocorre com a criança na fase escolar:  “É nesse período em que os pequenos aprendem a lidar com as diferenças e a respeitá-las. Mas, além disso, é também o momento em que percebem que existem outras estratégias para satisfazer suas necessidades, como agressões,  xingamentos, mordidas e choros”. Lidar com esse tipo de comportamento pode parecer difícil, mas é por meio de tais sinais que é possível estabelecer  a boa convivência e o respeito às regras. “A agressividade, apesar de gerar muita preocupação, é importante para a criança aprender e se controlar e a impor seu ponto de vista. Morder, dar tapas e  xingar são formas da criança descobrir o mundo,  perceber limites e demonstrar que se sente incomodada com algo. Quando isso ocorre, o professor deve estar à frente da situação e, demonstrando muita calma, apontar as consequências de tais atos e como ela pode se expressar sem agredir o colega”, reforça Kelly Holanda, pedagoga e consultora familiar, com foco na educação infantil e consultoria pedagógica.
As funções dos dois lados
Dentro desse contexto já apresentado,  fica a dúvida: como estabelecer limites e regras sem invadir o espaço e o papel dos pais? O professor deve ter em mente que a escola tem uma missão diferente da educação que deve ser construída pela família. Nívea Fabrício, psicopedagoga e diretora do Colégio Graphein, São Paulo (SP), distingue as duas funções a serem executadas para a preparação da criança num âmbito escolar e social: “O papel da escola visa à formação das crianças e à integração delas no meio social, compartilhando experiências que permitam a elas entender a necessidade de respeitar regras e aos outros indivíduos. A família deve se responsabilizar pela formação ética e moral da criança, trabalhar a noção de limites e responsabilidades, deveres e direitos e ensinar a respeitar as diferenças e singularidade de cada um”.
Assim como os pais, alguns educadores também têm receio de estabelecer as regras de convivência, por temerem a imagem absoluta e arbitrária. Nívea conta que o segredo que difere o autoritarismo do comportamento adotado para que a outra pessoa torne-se mais educada ou disciplinada está no respeito à autoestima. “Se o professor tem medo de adotar essa postura, é importante buscar atividades para estreitar o relacionamento entre família e escola, que deve ser embasado por uma parceria harmônica entre todos os envolvidos”, acrescenta.
A relação entre os dois lados

O bem-estar da criança para que a escola seja um lugar agradável e convidativo tem de ser o objetivo em comum do educador e da família. A pedagoga e especialista em educação infantil, Gabriela Manzano Geraldini, comenta que “o professor deve conversar com os pais dos alunos que apresentem alguma dificuldade de convivência por problemas de indisciplina e perguntar como é o comportamento da criança em casa”. Além disso,  a pedagoga recomenda falar sobre os limites que devemos impor em certas ocasiões e a liberdade que devemos oferecer em outras. Para isso, agende reuniões e utilize textos de reflexão sobre o assunto para realizar um debate. A coordenadora da Escola Bloom, no Rio de Janeiro (RJ), Herika de Magalhães, explica que a conversa com a família é necessária, pois as crianças são o reflexo da educação dos pais. “Se elas crescem em um ambiente em que todos os seus desejos são atendidos, sem questionamentos, ela transporta esse modelo para outras relações”, diz.

Estratégias lúdicas

Ana Badih sugere que para construir as regras de convivência do grupo o ideal é promover os “Combinados da Turma”, que são normas a serem seguidas por cada uma das crianças. Faça uma roda com os alunos para que todos possam olhar uns aos outros. Cada criança é orientada a falar o que acha que deve ser permitido ou não na escola, e a professora faz a mediação dos comentários. Após a conversa, desenhe um semáforo em um cartaz e no sinal verde marque as sugestões do que é permitido e no sinal vermelho o que é proibido. “Lembre-se de que os limites devem ser sempre negociados, e nunca impostos. Dessa maneira, os ‘combinados’ são uma boa estratégia, pois são construídos pelas próprias crianças”, acrescenta Ana.  Gabriela Geraldini  confirma a necessidade de criar essa listinha da boa conduta de maneira interativa e recomenda brincadeiras para firmar o compromisso entre os alunos. “Inicio a aula com a 'Roda do  Boa Tarde', na qual as crianças dizem umas às outras boa tarde e contam como estão se sentindo naquele dia”.  Assim, elas respeitam a hora de cada um falar.  
Fonte: www.revistaguiainfantil.uol.com.br

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