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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Brincar na infância é mais importante do que atividades extras




Se você acredita que a agenda do seu filho precisa ser recheada de atividades extracurriculares, cuidado. Na ânsia de oferecer o melhor, você pode estar exagerando na dose, afinal, criança precisa de tempo livre. “Brincar é tão importante para a criança quanto alimentar-se, dormir, ir à escola. As crianças adquirem experiência brincando e elaboram vários sentimentos. Brincando, as crianças dominam os impulsos e dão escoamento à angústia. Brincar favorece a espontaneidade, que a acompanhará por toda a vida”, afirma a psicóloga Cynthia Boscovich.
Para a psicopedagoga Silvia Amaral de Mello Pinto, conselheira e membro titular da Associação Brasileira de Psicopedagogia, na hora de escolher uma atividade extracurricular para a criança, os pais devem se preocupar com com a qualidade, não com a quantidade. "Avalie o bem-estar e o benefício que determinado curso pode oferecer. E observe se o seu filho aguenta tal responsabilidade", diz Silvia.
Outra dica importante é manter o diálogo com a criança. "Qualquer escolha tem de ser negociada. Hoje, cada vez mais cedo, elas conseguem se expressar. E se perceber que seu filho não está aproveitando, melhor adiar para outra oportunidade”, diz o psicólogo Fernando Elias José, mestre em Cognição Humana na PUC-RS.
De acordo com a psicopedagoga Maria Irene Maluf, o pediatra também deve ser consultado. “O médico pode orientar se a atividade é adequada à idade da criança”, diz. Ela comenta que uma atividade complementar vai preparar o indivíduo para viver em sociedade, além de contribuir para o desenvolvimento físico e intelectual. “Mas é importante não preencher a agenda da criança com tantas regras. Ela precisa ter tempo para fazer a lição de casa, para brincar e até para não fazer nada”, avalia Maria Irene.
Participe mais
Com a correria diária, falta tempo aos pais para brincar mais com seus filhos. No entanto, isso é muito importante, pois transmite segurança às crianças. “A intermediação do adulto é indispensável. Não adianta diminuir as atividades extracurriculares e deixar a criança em frente à TV, computador ou videogame por horas”, diz Maria Irene. Conte histórias, mostre desenhos, assistam a um filme, brinquem... "Os pais que conseguem reservar um tempo para os filhos têm mais facilidade em descobrir seus talentos e encaminhá-los para atividades que o agradem."
Também não vale colocar seu filho em atividades que você gostaria de ter feito na infância. "Isso é perigoso, pois a criança pode não ter talento para tal aula e sentir-se segregada", afirma Silvia. Isso também pode ocorrer quando a criança não tem espírito competidor, por exemplo, e os pais o colocam em uma atividade esportiva coletiva. “Cuidado. Não exponha seu filho. Se ele não se adapta a um esporte coletivo, procure estimular sua habilidade individual".  E nada de exigir apenas os melhores resultados e fazer comparações entre crianças.
Não existe regra para escolher a atividade das crianças, pois cada ser é único. Portanto, na hora de decidir, observe-o e dialogue bastante, além de consultar seu pediatra e seu educador: dois profissionais que poderão te ajudar a fazer a melhor escolha.

Estresse infantil
A sobrecarga pode atrapalhar o desempenho das crianças e comprometer a sua saúde. "Nem todas as crianças dizem o que não está bem ou percebem que estão sobrecarregadas, fator causador de estresse", afirma a psicóloga Cynthia Boscovich.
Portanto, é importante ficar atento a alguns sinais. Crianças irritadas, chorosas, deprimidas ou agressivas podem estar enfrentando uma estafa.
"Além disso, o estresse pode levá-las a desenvolver sintomas físicos: inflamações, infecções e problemas de pele”, conta a psicóloga.
Uma criança sobrecarregada pode não adquirir autonomia e criar dependência. Para corrigir o problema, basta aliviar a sua agenda. "Elimine as atividades extras e deixe-a com mais tempo livre. Isso sempre melhora o quadro de estresse", diz a psicopedagoga Maria Irene Maluf.
Qual atividade combina mais com determinada faixa etária?

Até 3 anos
Brincar, brincar e brincar é o mais indicado para as crianças de até três anos de idade, segundo os especialistas. Muitas, desde os primeiros meses, já frequentam creches e maternais. E, nesse período, todo trabalho deve ser lúdico. Se quiser iniciar alguma atividade extra, o ideal é matriculá-lo em aulas de natação. Mas lembre-se: essa aula deve ser feita em conjunto com os pais ou um responsável.


De 3 a 6 anos
Interagir com as crianças nessa faixa etária vai te dar todas as condições de descobrir os talentos do seu filho. Isso não significa que, se ele adora brincar com o pianinho, você já deve matriculá-lo em um conservatório musical. "Busque aulas de inicializações", aconselha Silvia Amaral. Se estiver em dúvida sobre para o que ele mais leva jeito, aposte na natação ou em um segundo idioma. "Uma sugestão, para quem pode custear, é escolher uma escola bilíngue, assim a criança já desenvolve outro idioma no próprio ambiente educacional”, diz Silvia. Nessa fase, há muitas escolas que oferecem período integral. Neste caso, a criança não precisa realizar uma atividade extra. Brincar é necessário e não existe limite máximo. "Deixe-o com os brinquedos, pelo menos, duas horas por dia", diz Silvia.
De 6 a 10 anos
Seu filho aprendeu a nadar e não tem vontade alguma de torna-se um nadador profissional. É o momento ideal para experimentar uma atividade diferente. E, nesse caso, pode ser outra aula esportiva, um curso artístico ou de música. Deixe-o livre para escolher! E não faça cara feia se ele optar por algo inusitado. Leve-o uma aula experimental, converse e veja se realmente vale a pena investir. Iniciou a atividade? Faça-o persistir por, pelo menos, um ano. "Explique que as coisas não são descartáveis. Tudo exige esforço e dedicação", diz Silvia. A regra de, pelo menos, duas horas livres continua valendo. Que tal aproveitar o final de semana para levá-lo ao parque para vocês brincarem juntos?

Acima dos 10 anos
Aos dez anos, seu filho já está mais maduro para assumir outras responsabilidades e fazer substituições. Ele quer trocar o esporte por um instrumento musical? Permita. No entanto, lembre-se apenas que, até os doze anos, ele ainda precisa de atenção, pois ainda não tem discernimento para resolver tudo sozinho. Converse, participe, estimule e respeite o ritmo da criança. Porém, mostre a ela que enfrentar desafios é um processo natural da vida, assim como conviver com a rotina.

Fonte:  Texto de Simone Cunha - UOL




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