O primeiro dia na escola é
sempre difícil. Não à toa, ganhou até um nome: adaptação. Adaptação dos filhos,
que chegam a um ambiente novo, diferente e desconhecido. E adaptação dos pais,
que também sofrem com a ansiedade e o medo da reação da criança. A adaptação
escolar é exatamente esse tempo dado às crianças (e aos pais) para que se
acostumem à nova rotina.
A partir de agora, o seu
filho vai passar algumas horas por dia longe de você, na companhia de adultos e
crianças que até ontem ele não conhecia. "É importante explicar a ele
exatamente o que está acontecendo: que ele vai para a escola, que vai ter uma
professora e amiguinhos novos".
Para pais e mães, esse é
sempre um momento difícil, mesmo que a escolha da escola tenha sido algo muito
pensado e ponderado. Muitas vezes, seu filho chora e diz que não quer ficar com
a professora. Em outras, não demonstra insatisfação e sequer exige a presença
dos pais nos primeiros dias. Como agir em cada um desses casos? Para começar,
você deve saber que a adaptação é um momento de transição na vida dele. Por
isso, é importante estar tranquilo em relação à escola e transmitir essa
tranquilidade à criança.
Leia a seguir respostas a
nove dúvidas que podem surgir no momento de levar o seu filho à escola pela
primeira vez e curta essa fase tão importante - da vida dele e da sua.
1.
Qual é a idade certa para a entrada na escola?
O ideal é que a criança vá
para a escola por volta dois anos, pois é uma idade em que a convivência com
outras crianças passa a ser mais estimulante. Mesmo do ponto de vista médico, o
indicado é que a criança fique em casa até completar dois anos, pois essa é a
idade em que ela atinge a sua plenitude imunológica e fica menos vulnerável a
infecções. No entanto, se você tiver de trabalhar e não tiver com quem deixar o
seu filho, nada de traumas: faça uma pesquisa e escolha um bom berçário, com
boas instalações e com profissionais nos quais você confie. Em alguns casos, é
melhor ir para uma boa escola do que ficar em casa com alguém sem formação.
2.
Como prepará-lo para o ingresso na escola?
É importante não esconder
nada. Explique que ele vai para a escola a partir de um determinado dia, que
você vai levá-lo, vai buscá-lo e que o acompanhará no início. Fale dos novos
amigos que vai fazer, da professora, de
como é a escola e o que acontece por lá. Mas é importante não exagerar, não
falar como se ele estivesse indo para um bufê infantil, para que ele não fique
frustrado. Nessas horas, nada como uma boa conversa.
3.
Qual é o papel da família na adaptação?
Para o pai e a mãe, a adaptação
começa na escolha da escola. Feita a escolha, a família tem que conhecer os
rituais da escola, frequentar as reuniões que antecedem o início das aulas e
abrir um canal de comunicação com o professor. Além disso, os pais têm o papel
de esclarecer, explicar por que ele está indo para a escola, deixar claro que
ele vai ficar sozinho lá depois de alguns dias. Não crie falsas expectativas no
seu filho. O melhor é dizer a verdade. Explique que você vai acompanhá-lo por
um período, mas que, depois disso, você vai voltar ao trabalho e ele vai ficar
só com a professora e com os colegas.
4.
Qual é o papel da escola na adaptação?
A escola é representada pela
figura da professora, que tem um papel fundamental. Ela deve ser duplamente
sensível, para entender os anseios dos adultos e das crianças. A professora
deve acolher a criança, mostrar as instalações da escola, apresentar os
coleguinhas. O ideal é que atenda individualmente cada aluno durante o período
de adaptação. Os pais podem acompanhar tudo por meio dos relatos delas, que,
nesse período inicial, devem estar mais atentas do que nunca ao comportamento e
à alimentação das crianças.
5.
Por quanto tempo o pai ou a mãe devem ficar na escola?
O tempo mínimo é de um ou
dois dias. O tempo máximo varia de criança para criança, mas, em geral, uma
semana ou dez dias são suficientes. Se após esse tempo o seu filho ainda não
estiver adaptado e continuar exigindo a sua presença, o melhor é conversar com
a coordenação da escola para saber como agir. Talvez seja o caso de pensar em
outra estratégia de adaptação. Uma dica importante: nunca vá embora sem se
despedir do seu filho. Ele pode se sentir traído e inseguro em relação à
escola.
6.
Como lidar com o choro?
É preciso identificar se não é um choro
manipulador, pois há crianças que fazem uso dessa artimanha para impedir que os
pais as deixem. Muitas vezes, a criança chora ao ver o familiar se afastando,
mas, logo depois, para e começa a brincar com os colegas. Há momentos em que é
importante ir embora sem olhar para trás, para evitar que essa situação se
arraste por mais tempo. Converse com os professores e coordenadores para
decidir como agir em casos como esse. E lembre-se: chorar um pouco em uma
situação como essa é até saudável.
7.
É normal sentir culpa ao deixar o filho na escola?
Sim. É normal principalmente
quando o filho ainda é bebê. É claro que, para o pai ou a mãe, sempre será
difícil deixar um bebê nas mãos de um desconhecido (ou quase desconhecido),
mas, lembre-se, uma hora ou outra, o momento de ir para a escola chegaria. O
melhor é esquecer a culpa, pois a insegurança dos pais é facilmente percebida
pelos filhos. Vá trabalhar feliz e faça com que o tempo que você tem com ele seja de muita qualidade. No entanto, se achar
que está sofrendo mais do que deveria com essa situação, não hesite em procurar
ajuda.
8.
Quando a criança passa da Educação Infantil ao Fundamental, é necessário um
período de adaptação?
Sim. Em geral, a própria
escola faz esse ritual de passagem, mostrando às crianças e aos pais as novas
salas de aula, o material que será utilizado e explicando quais serão as
novidades que vêm com essa nova etapa. Se houver uma troca de escola, é
importante que os pais estejam mais disponíveis nos primeiros dias.
9. Como deve ser feita a adaptação de uma criança que vem de outra escola?
Uma mudança de escola é
sempre um pouco mais difícil. Por isso, deve ser muito bem planejada pela
família. Se possível, o ideal é que a criança conheça a escola e os professores
ou o coordenador antes de as aulas começarem. Isso é importante para que ela
tenha referências, saiba a quem recorrer caso tenha dúvidas ou problemas. Além
disso, é fundamental que ela entenda por que essa mudança está ocorrendo. O
melhor é ser transparente. Em casos de crianças mais velhas, os outros alunos
da turma também devem ser preparados para a chegada do novo colega.
Profissionais consultados para esta matéria:
- Luciana Fevorini,
doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP
- Fernanda Flores,
coordenadora pedagógica da Educação Infantil da Escola da Vila, em São Paulo
(SP)
- Alessandro Danesi,
pediatra do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo (SP)
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